Coordenador : Renata Theophilo da Costa Moura
Ano: 2023
Edital: UFF/PROEX - Fluxo Contínuo 2023
Protocolo: 395485.2206.323121.12092023
Departamento/Setor: GSI
Área Temática : Saúde
Tipo: Projeto
Publico Alvo : Moradores de favelas da cidade do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo, egressos do sistema prisional, bem como militantes de movimentos sociais e líderes comunitários, profissionais de saúde, da assistência social e operadores do direito, alunos de diversos cursos de graduação como Psicologia, Direito, Enfermagem, Serviço Social e Medicina.
Local de atuação: Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Federal Fluminense; Laboratório de Psicanálise e Educação da Universidade Federal Fluminense; Sede da Defensoria Pública do Rio de Janeiro; FIOCRUZ - Manguinhos; favelas e ocupações por moradia nas cidades de São Gonçalo, Niterói e Rio de Janeiro
Objetivo
OBJETIVO GERAL Criar o Dispositivo Clínica do Núcleo de Psicanálise e Política como estratégia de escuta-intervenção junto a pessoas em situação de vulnerabilidade afetadas pela violência de Estado e que vivem nas periferias da cidade do Rio de Janeiro. Como consequência, a produção de conhecimento e sua transmissão também se colocam na pesquisa como alvos necessários Assim, temos: produzir dados qualitativos dos transtornos mentais que afetam a população, com uma análise complexa do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e outras formas de sofrimento psíquico oriundas da experiência subjetiva e comunitária da violência extrema, que redundarão na produção de livros, artigos científicos, ou mesmo de cunho literário, artístico, sendo também possível de se realizarem por outros meios, - além da escrita literária strictu sensu - como o audiovisual. Por fim, trabalhar para favorecer a transmissão desta produção junto aos profissionais dos diversos setores envolvidos no cuidado a tais pessoas. Neste sentido, pretende-se trabalhar para favorecer oportunidades de fomento, articulação e subsídio às políticas públicas executoras de dispositivos de Saúde Pública, Justiça, Ação Social, Educação, Cultura voltadas para pessoas afetadas pela violência de Estado em situação de vulnerabilidade social no território urbano do Rio de Janeiro. Em suma, entendemos que a criação de um dispositivo no campo dessa Clínica do Traumático - na medida em que permite pensar o próprio campo teórico-clínico e, portanto, também epistemológico-político traçado pela atuação da Psicanálise nesta Cidade – possibilitaria ter como objetivo mais amplo contribuir para os três eixos cruciais no exercício da missão da academia – sobretudo a pública: ensino, pesquisa, extensão, nutrindo-se umas das outras, entre si, por suposto.   OBJETIVOS ESPECÍFICOS I.Realizar, a partir da estratégia de escuta e intervenção psicanalítica do Dispositivo Intersetorial Clínica do Trauma, ações de acolhimento e cuidado entendidas como ações de reparação psíquica e simbólica junto a pessoas em situação de vulnerabilidade social vítimas de violência armada , notadamente de Estado, no território urbano do chamado Grande Rio de Janeiro e da Grande Niterói; II.Colaborar para o entendimento da importância da função e incidência do processo judiciário no tratamento analítico de pessoas em programas de reparação psíquica e simbólica. E, inversamente, colaborar para o entendimento da importância do espaço de escuta clínica de pessoas que tenham sido vitimadas por violência de Estado para a participação destes nas ações judiciárias, ainda que sem relação direta com a atenção clínica concomitante; III.Produzir objetos de cultura tais como os Cadernos/Livros com a escrita testemunhal, peças audiovisuais e/ou mídias diversas, formando uma coleção de objetos de cultura de autoria dos participantes das oficinas de Conversação & Escrita criativa e colaborativa. Trabalhando, igualmente, para a recepção do público em geral, assim como para eventual fortuna crítica especializada desses objetos de cultura de autoria dos participantes das oficinas, por meio de lançamento público e também por meio de organização de um livro de recepção; IV.Contribuir com a produção e divulgação de conhecimento qualificado e científico na área, e com a formação de discentes e docentes pesquisadores e, ainda, profissionais envolvidos nas atividades da pesquisa, a fim de que seja também uma via de qualificação de suas atuações. Portanto, será visado compartilhar a experiência da pesquisa-intervenção nas seguintes esferas: a.na comunidade acadêmica, com a produção de materiais (artigos científicos, capítulos de livro, relatórios, livros científicos, seminários/ congressos, conferências, workshops ou ateliês de transmissão e discussão de casos) resultantes da pesquisa; b.na comunidade em geral, sobretudo junto à própria população dos territórios afetados pela violência de Estado em conexão com a as atividades da pesquisa, assim como junto aos profissionais dos setores envolvidos no território a cada vez; c.na transmissão da experiência e da metodologia de trabalho, a fim de que possa ser expandida para outros contextos que também lidem com pessoas vítimas de violência de Estado. V.Trabalhar para contribuir para a formulação de políticas públicas e estratégias de reparação psíquica e simbólica, junto às áreas executoras das políticas de Saúde Pública, Justiça, Educação, Ação Social e Cultura.
Resumo
Respondendo a duas demandas dos movimentos sociais junto aos quais temos somado esforços há alguns anos, o presente projeto de extensão tem como objetivo subsidiar a criação de uma política pública de atenção em Saúde Mental voltada para pessoas em situação de vulnerabilidade social, afetadas pela violência armada do Estado. Orientada pela psicanálise em um trabalho transdisciplinar e intersetorial, a extensão visa criar um dispositivo clínico-político como estratégia de escuta-intervenção oferecendo uma metodologia inovadora de cuidado, coletivo e singular, ao mesmo tempo que permite a produção de objetos de cultura de caráter testemunhal. Tem-se como eixo de investigação o seguinte tripé problemático/conceitual: violência e seus efeitos sobre a saúde mental entendida como direito humano fundamental em democracia; trauma na clínica psicanalítica e na experiência social; e, por fim, o trabalho de reparação psíquica a partir da contribuição desta clínica psicanalítica como subsídio ao Plano de Estado de redução da letalidade policial e reparação psíquica, tal como sentenciado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Estado Brasileiro, em 2017. Partindo de um acordo de cooperação técnica com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, também se apresentam como alvos mais amplos a produção de conhecimento e sua transmissão junto aos profissionais dos diversos setores envolvidos em políticas públicas junto a tais pessoas, como os dos Poderes Judiciário e Executivo – com Políticas transversais em Justiça, Saúde, Educação em Direitos Humanos, Educação, Ciência e Tecnologia, Serviço Social, Cultura, e eventuais outros setores dos executivos em seus três âmbitos.